Correligionários de Carlos Lupi reconhecem a situação delicada do ministro da Previdência Social e já articularam uma operação para garantir sua permanência, enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia o futuro do líder do PDT. Lupi está na mira de uma fritura interna após o escândalo de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No Ministério da Previdência, a orientação atual é reunir todos os documentos e dados que comprovem ações do ministro para resolver o problema. Conforme divulgado pelo Metrópoles, dezenas de associações parceiras do INSS vinham operando um esquema de descontos indevidos nos benefícios dos aposentados desde o primeiro ano do governo Bolsonaro.
Na sexta-feira (25), uma ação da Polícia Federal afastou a cúpula do INSS — incluindo o presidente Alessandro Stefanutto, indicado ao cargo por Lupi. A reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), marcada para esta segunda-feira (28), servirá como termômetro da situação: presidido por Lupi, o colegiado reúne representantes do governo federal, empregadores, trabalhadores, aposentados e pensionistas e será o primeiro teste de clima interno após o escândalo.
Na pauta do CNPS estão o acordo que encerrou a greve da Perícia Médica Federal e a medida provisória que criou o Programa de Gerenciamento de Benefícios, iniciativa que visa reduzir o acúmulo de processos de revisão previdenciária e assistencial — temas que poderão revelar o grau de apoio ao ministro.
O desafio externo virá na terça-feira (29), na Comissão de Previdência Social da Câmara. Embora Lupi tenha sido convidado antes da operação da PF, não existe convocação formal, de modo que ele não é obrigado a comparecer. Contudo, sua ausência poderia agravar ainda mais sua posição.
O PDT integra o núcleo governista de partidos de esquerda e centro-esquerda. Lupi é presidente licenciado da legenda, cujo comando oficial está com o deputado André Figueiredo (CE), mas permanece como cacique partidário. Em 2022, o PDT lançou Ciro Gomes à Presidência, mas acabou apoiando Lula no segundo turno, contrariando o candidato. Aliados afirmam que Lula avaliará o peso da permanência de Lupi na aliança com o partido contra o custo político em popularidade.
Por fim, a eventual instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre as fraudes no INSS também está na conta. Porém, a avaliação da base aliada é a de que uma CPI terá pouco avanço sob a presidência de Hugo Motta (Republicanos) na Câmara e de Davi Alcolumbre (União) no Senado.